Confissões - Kanae Minato e a apatia à juventude
Ano: 2008
Autora: Kanae Minato
Nota: *****
Confissões foi o livro de estreia da escritora japonesa considerada a rainha do thriller Kanae Minato, lançado em 2008. Teve uma adaptação cinematográfica também elogiada lançada em 2010.
Ouvi em formato de audiobook, pelo aplicativo StoryTel, comecei na sexta e terminei na segunda. É pequeno e rápido tanto para ser lido quanto ouvido, creio que valha a pena ser aproveitado.
O livro impressiona pelos diversos pontos de vista narrativos, indo da professora, aos alunos e até pelo diário da mãe de um deles. Utilizando desse recurso, a autora nos prende ainda mais em seu suspense nos instigando a ver cada lado de um crime nefasto.
Começamos já com a sinopse, a professora teve sua filha assassinada por dois alunos do sétimo ano e ela quer vingança. Então, acabamos conhecendo mais sobre ela e suas motivações e pra nós leitores fica tudo muito claro a culpabilidade daquelas crianças, mas a história muda de tom quando mudam os pontos de vistas.
Sob a ótica das crianças, a gente acaba sentindo a dor delas e de como tudo saiu do planejado, muitas coisas teriam sido diferentes se eles tivessem tomado uma outra decisão, a própria professora Moriguchi, retratada como uma mãe vingativa e que ficava claro a sua motivação desde o início ao decorrer da história começamos a questionar isso.
Com a história, podemos questionar alguns pontos vitais da trama: a relação dos pais com os filhos, em algumas resenhas que li ou vi, uma frase recorrente foi “a cultura japonesa é diferente” e isso é um fato, mas acredito que em nossas diferenças, o relacionamento de certos pais com certos filhos possa ser extremamente problemático.
Outro ponto relevante é o sistema prisional no Japão, a maioridade penal é de 14 anos e a criminalidade lá é completamente diferente do que estamos acostumados aqui, eu diria que o grande diferencial nesse caso é o circo midiático que existe no Brasil.
O final é surpreendente, acredito que amarra perfeitamente a história e a conclui com perfeição com a proposta que lhe foi designada, nos leva a questionar a educação em casa e na escola, a falta de atenção, afeto e de como muitas vezes deixamos de acreditar que uma brincadeirinha de criança pudesse ir tão longe. Mas pode.
Acredito que devemos tratar desses assuntos sempre com bastante cautela, Minato nos levou para uma cidade do interior do Japão que foi atingida por uma onda de crimes cometidos, mas que poderia ter sido no interior paulista. Nos colocarmos no lugar é essencial para compreendermos o que nos leva além.