Tsugumi, Banana Yoshimoto (RESENHA)
Sinopse: “Dona de beleza hipnótica, Tsugumi padece de uma doença crônica, que a mantém em permanente risco de vida. A saúde debilitada, no entanto, não inibe uma personalidade despótica e cruel: a delicadeza é algo que passa longe de seu repertório de virtudes.”
Tsugumi é um livro de memórias narrado em primeira pessoa por Maria, prima da Tsugumi e de como se deu essa relação entre as duas (além de Yoko, a irmã mais velha de Tsugumi e o restante da família) é um livro curto, em torno de 180 páginas e a leitura tão fluída passa que você nem percebe, créditos não apenas para Banana, mas para a tradutora para o português a Lica Hashimoto.
The Independent diz que Yoshimoto é a “voz do Japão jovem” e talvez seja, um YA que foge do convencional do qual estamos acostumados, a protagonista nos é apresentada como um ser humano desprezível, apesar disso, a sua prima sempre busca acentuar os pontos positivos dela acima dos negativos que são vários.
O livro preenche as memórias de infância, adolescência e as meninas recém maiores de idade, Maria está com 19 anos e Tsugumi com 18. Maria vê Tsugumi com admiração, apesar de tudo que ela fez durante a infância, por ser muito doente, acabou sendo mimada demais e teve uma percepção diferente da realidade, ela não tinha as mesmas obrigações e enxergava o seu ambiente de forma única. É muito fácil desgostar de Tsugumi, o difícil é continuar odiando ao decorrer da história.
Vamos entendendo a sua forma ríspida de tratamento com as outras pessoas como um escudo para todas as suas inseguranças e o inevitável medo da morte, sendo uma pessoa com uma doença crônica que a debilita ela mascara dessa forma as suas angústias.
Para mim, a parte mais bela do livro está no capítulo “Nadar com o pai” em que Tsugumi dialoga com o seu tio, pai da Maria. O diálogo dos dois sobre o amor é algo lindíssimo mesmo com o jeito bruto de Tsugumi de responder.
Na contra-capa do romance está o seguinte trecho “Tsugumi era cruel, ríspida, boca suja, egoísta, mimada e ardilosa. O ar de triunfo que ela exibia, quando descaradamente — no momento oportuno e de modo desagradável — resolvia jogar na cara, sem papas na língua, a pior coisa que a pessoa gostaria de ouvir, fazia dela o próprio demônio.”
Porém, não é essa a impressão que prevalece de Tsugumi, conhecemos uma jovem que, apesar de todas as dificuldades, encontra motivos para viver. Ela é realmente uma pessoa odiosa, mas dessas que é bom ter por perto.
Com absoluta certeza é um livro que vale muito a pena conhecer e uma autora talentosíssima que vem recentemente sendo descoberta pelos leitores brasileiros. Sua obra mais consagrada é “Kitchen” que eu iria comprar no dia, mas estava esgotado. Fica a próxima ocasião.